segunda-feira, 8 de abril de 2024

Mosquito Tipula é inofensivo e sua larva é predadora da larva do Aedes aegyti

 

Com o aumento de casos de dengue no Brasil, diversas informações sobre como combater o mosquito Aedes aegypti, que transmite a doença, estão sendo compartilhadas. Uma informação que circula por aplicativos de mensagens e redes sociais afirma que os mosquitos Tipula podem ser aliados contra a dengue, pois suas larvas se alimentam das larvas de outros insetos, entre eles o Aedes aegypti. Porém, com aparência de “pernilongo gigante”, muitas pessoas acabam matando os Tipula, com receio de que eles possam picar.

A Dra. Flavia Virginio, curadora da Coleção Entomológica do Laboratório de Coleções Zoológicas (LCZ) do Instituto Butantan, explica que os Tipula são inofensivos, não se alimentam de sangue e não transmitem nenhum patógeno (vírus, bactéria, protozoário).

Segundo Virginio, alguns mosquitos da família Tipulidae são predadores durante sua fase larval, ou seja, se alimentam de outros invertebrados pequenos que estiverem no mesmo criadouro. “Mas, será que os mosquitos Tipula vivem no mesmo criadouro que Aedes? Afinal, para realmente controlarem o Aedes aegyti enquanto larva, devem dividir a ‘mesma casa’ durante essa fase, concordam? Pois bem, a resposta é depende”, problematiza a curadora.

Ela explica que a família dos Tipulidae possui muitas espécies e elas variam bastante. Nem todas se alimentam da mesma coisa, vivem nos mesmos lugares, têm cores e formatos iguais. A maioria dos Tipulidae, enquanto larvas, vivem em ambientes úmidos, desde terra úmida, até rios e lagos. Esses criadouros são mais “naturais”. Já o Aedes aegypti gosta muito mais de criadouros “artificiais”, como pneu, balde plástico, caixa d’água, pratinho de vaso etc.

“Mas lembra que eu falei: depende?! Pois é, alguns estudos científicos já encontraram Tipula e Aedes vivendo em bromélias. E muitas pessoas têm bromélias em casa. O fato é que, mesmo que a gente encontre Aedes aegypti em bromélias, o benefício destas plantas, em comparação à quantidade ínfima de Aedes encontrados nelas, faz com que a gente defenda a sua proteção e conservação”, pondera Virginio.

A Dra. Flavia Virginio ressalta que a melhor forma de nos protegermos contra o Aedes aegypti é: não deixando água parada (em qualquer lugar onde a gente passe a maior parte do dia, afinal, Aedes aegypti é diurno!); usando repelente; telando janelas e portas; contribuindo com o serviço dos agentes comunitários e agentes de vigilância sanitária quando eles precisarem entrar em nossas residências.

“E a conclusão que a gente tira disso tudo, é que nem sempre o tipula estará no mesmo criadouro que o Aedes aegypti, mas isso não significa que o tipula seja ruim e deva ser exterminado. Pelo contrário, por ele ser inofensivo, não se alimenta de sangue, não transmite nenhum parasita para nós e, ainda que esporadicamente, pode controlar o Aedes aegypti, eles devem sim ser preservados”, conclui a especialista.

Redação/Tamoios News

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