quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Biólogo da UNITAU alerta para ameaça do microplástico nos oceanos

 

(Foto: Divulgação/UNITAU)

Na semana em que é comemorado o Dia Mundial do Mar (29 de setembro), o alerta vai para uma ameaça invisível aos olhos, que ronda os oceanos e está presente na costa brasileira.

O risco ambiental representado pelos microplásticos uniu mais de 40 pesquisadores espalhados pelo litoral do país em um levantamento que procura identificar a extensão dos danos provocados nas espécies marinhas.


Entre os pesquisadores, está o Prof. Dr. Valter José Cobo, do Instituto Básico de Biociências da Universidade de Taubaté (UNITAU). Há, pelo menos seis anos, o biólogo começou a encontrar microplásticos no organismo de três espécies de caranguejos coletados em Ubatuba, no Litoral Norte.

“O microplástico não é depositado dessa forma no ambiente. Ele é degradado ao longo do tempo. Você vai passear na praia e vê uma garrafa, uma tampinha, um saco plástico, uma corda. Se eu pensar somente na biodegradação, levaria centenas de anos para isso acontecer, mas estamos falando do choque desses objetos contra as rochas, o atrito está moendo esses objetos, acelera o processo.

Os animais vivem nessas rochas e acabam ingerindo o microplástico. Estamos falando em uma parte ou na centésima parte do milímetro”, afirma o biólogo.

Segundo o pesquisador, a próxima etapa da pesquisa será a ampliação da base territorial e das espécies a serem analisadas.

“Estamos ampliando o alcance da pesquisa. O que significa isso? Aumentar o número de espécies que estou analisando para saber qual é o alcance disso, espécies e alcance geográfico. Já temos o material coletado em Ubatuba, vamos agora procurar no litoral de Paraty.”

Para a coleta dos dados, o professor Cobo conta com o apoio de estudantes do curso de Biologia da UNITAU. Heloisa da Silva Helfer, aluna do 8º semestre e presidente do Diretório Acadêmico participa da pesquisa.

Heloisa reforça o alerta do professor e destaca que esse não é um problema isolado. “Precisamos ter consciência de que isso não para na vida marinha. Em larga escala, precisamos compreender que todos nós somos afetados por esse problema. O consumo de mariscos com microplástico, por exemplo, é um risco. É uma reação em cadeia.”

O combate à poluição do mar é um desafio em escala mundial. O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 14 da Organização das Nações Unidas (ONU) estabelece como prioridade a “conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”.

O relatório “O Estado dos Oceanos”, lançado em julho deste ano pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), estima que os microplásticos representam entre 30 a 40% dos objetos que estão nas profundezas dos mares, sendo que 90% deste lixo estão em águas mais profundas do que 6 mil metros. Os impactos do consumo de microplásticos à saúde humana ainda são objeto de estudos.

Para o professor Cobo, que integra o AD Scientific Index 2022 entre os pesquisadores mais influentes do mundo, educação e sustentabilidade caminham juntas “O ‘limpar’ é uma guerra perdida, se você não parar de sujar. Não há como você vencer essa guerra. Só tem uma saída, a gente mudar os nossos hábitos. Isso é o resultado de um processo de educação. E você não preserva nada daquilo que não conhece, é preciso compreender para preservar.”

“A educação e a conscientização são caminhos que a gente tem para que as pessoas entendam que fazem parte de um sistema que precisa estar em harmonia para funcionar. Falta um pouco de pertencimento, do nosso pertencimento, para nos enxergar como parte desse sistema. Educar para conservar, não algo externo, mas algo do qual você faz parte”, complementa a futura bióloga Heloisa.

O estudante João Pedro Guimarães, do 8º semestre de Biologia, também já aprendeu essa lição. “Essa (compreender para preservar) é uma fala que a gente faz no curso de Biologia desde o primeiro semestre. É importante você ensinar o jovem.

A criança é curiosa, vai contar para os pais, para os avós, isso é um ponto de multiplicação do conhecimento. A educação ambiental em si é um murro em ponta de faca, mas tem que ser dado.”

A pesquisa do Prof. Cobo está entre os trabalhos já submetidos para apreciação do comitê do XI Congresso Internacional de Ciência Tecnologia e Desenvolvimento (Cicted) da UNITAU. João Pedro submeteu outro trabalho ao Congresso. O estudante está mapeando espécies encontradas em um lago formado por uma cava de areia desativada em Tremembé.

“Meu estudo prévio é saber o que é que tem naquela cava, são muitas espécies, quase 30. É um ambiente vivo e problemático pela quantidade de espécies exóticas, de outras localidades, que acabam competindo com as outras.”

As inscrições para a submissão de trabalhos seguem abertas e o prazo termina em 30 de setembro. Mais informações sobre o XI Cicted você encontra aqui.

Fonte

www.portalr3.com.br


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