(Foto: Divulgação/UNITAU)
Na semana em que é comemorado o Dia Mundial do Mar (29 de setembro), o
alerta vai para uma ameaça invisível aos olhos, que ronda os oceanos e está
presente na costa brasileira.
O risco ambiental representado pelos microplásticos uniu mais de 40
pesquisadores espalhados pelo litoral do país em um levantamento que procura
identificar a extensão dos danos provocados nas espécies marinhas.
Entre
os pesquisadores, está o Prof. Dr. Valter José Cobo, do Instituto Básico de
Biociências da Universidade de Taubaté (UNITAU). Há, pelo menos seis anos, o
biólogo começou a encontrar microplásticos no organismo de três espécies de
caranguejos coletados em Ubatuba, no Litoral Norte.
“O microplástico não é depositado dessa forma no ambiente. Ele é
degradado ao longo do tempo. Você vai passear na praia e vê uma garrafa, uma
tampinha, um saco plástico, uma corda. Se eu pensar somente na biodegradação,
levaria centenas de anos para isso acontecer, mas estamos falando do choque
desses objetos contra as rochas, o atrito está moendo esses objetos, acelera o
processo.
Os animais vivem nessas rochas e acabam ingerindo o
microplástico. Estamos falando em uma parte ou na centésima parte do
milímetro”, afirma o biólogo.
Segundo
o pesquisador, a próxima etapa da pesquisa será a ampliação da base territorial
e das espécies a serem analisadas.
“Estamos ampliando o alcance da pesquisa. O que significa isso?
Aumentar o número de espécies que estou analisando para saber qual é o alcance
disso, espécies e alcance geográfico. Já temos o material coletado em Ubatuba,
vamos agora procurar no litoral de Paraty.”
Para a coleta dos dados, o professor Cobo conta com o apoio de
estudantes do curso de Biologia da UNITAU. Heloisa da Silva Helfer, aluna do 8º
semestre e presidente do Diretório Acadêmico participa da pesquisa.
Heloisa reforça o alerta do professor e destaca que esse não é
um problema isolado. “Precisamos ter consciência de que isso não para na vida
marinha. Em larga escala, precisamos compreender que todos nós somos afetados
por esse problema. O consumo de mariscos com microplástico, por exemplo, é um
risco. É uma reação em cadeia.”
O combate à poluição do mar é um desafio em escala mundial. O
Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 14 da Organização das Nações
Unidas (ONU) estabelece como prioridade a “conservação e uso sustentável dos
oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”.
O relatório “O Estado dos Oceanos”, lançado em julho deste ano
pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco),
estima que os microplásticos representam entre 30 a 40% dos objetos que estão
nas profundezas dos mares, sendo que 90% deste lixo estão em águas mais
profundas do que 6 mil metros. Os impactos do consumo de microplásticos à saúde
humana ainda são objeto de estudos.
Para o professor Cobo, que integra o AD Scientific Index 2022
entre os pesquisadores mais influentes do mundo, educação e sustentabilidade
caminham juntas “O ‘limpar’ é uma guerra perdida, se você não parar de sujar.
Não há como você vencer essa guerra. Só tem uma saída, a gente mudar os nossos
hábitos. Isso é o resultado de um processo de educação. E você não preserva
nada daquilo que não conhece, é preciso compreender para preservar.”
“A educação e a conscientização são caminhos que a gente tem
para que as pessoas entendam que fazem parte de um sistema que precisa estar em
harmonia para funcionar. Falta um pouco de pertencimento, do nosso
pertencimento, para nos enxergar como parte desse sistema. Educar para
conservar, não algo externo, mas algo do qual você faz parte”, complementa a
futura bióloga Heloisa.
O estudante João Pedro Guimarães, do 8º semestre de Biologia,
também já aprendeu essa lição. “Essa (compreender para preservar) é uma fala
que a gente faz no curso de Biologia desde o primeiro semestre. É importante
você ensinar o jovem.
A criança é curiosa, vai contar para os pais, para os avós, isso
é um ponto de multiplicação do conhecimento. A educação ambiental em si é um
murro em ponta de faca, mas tem que ser dado.”
A pesquisa do Prof. Cobo está entre os trabalhos já submetidos
para apreciação do comitê do XI Congresso Internacional de Ciência Tecnologia e
Desenvolvimento (Cicted) da UNITAU. João Pedro submeteu outro trabalho ao
Congresso. O estudante está mapeando espécies encontradas em um lago formado
por uma cava de areia desativada em Tremembé.
“Meu estudo prévio é saber o que é que tem naquela cava, são
muitas espécies, quase 30. É um ambiente vivo e problemático pela quantidade de
espécies exóticas, de outras localidades, que acabam competindo com as outras.”
As inscrições para a submissão de trabalhos seguem abertas e o
prazo termina em 30 de setembro. Mais informações sobre o XI Cicted você
encontra aqui.
Fonte
www.portalr3.com.br
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