Tenho visto muitas discussões sobre raízes em Ubatuba. Minha família chegou a cidade na primeira metade da década de 1970. Meus irmãos cresceram aqui. Eu não nasci aqui, pois o meu parto era de risco e o médico, Dr. De Luca (não sei a grafia), recomendou que meus pais procurassem uma cidade com mais recursos, e assim eles o fizeram. Nasci em São Paulo, cidade de origem dos meus pais. Mesmo que tivesse nascido aqui, não teria em minha árvore genealógica as "raízes"' que tantos insistem em colocar como diferencial. Muitos dos meus amigos, com raiz e sem raiz, deixaram Ubatuba em busca de melhores oportunidades. Eu permaneci aqui. Procurei oportunidades profissionais que pudesse desempenhar aqui mesmo. Pra ser honesto nem sei o que me liga a esse pedaço de chão, mas mesmo não tendo "raízes" aqui não consigo me desligar dessa cidade. Conheço uma pequena fração de suas praias, fiz poucas de suas trilhas, talvez pelo fato de ter começado a trabalhar ainda criança, ajudando o meu pai a carregar os equipamentos e depois a instalar o som para a sua banda tocar. Nem de longe reclamo disso. Essa foi uma ótima oportunidade para conhecer novas pessoas e aprender muito com cada uma delas. Anos depois foi isso que me levou a Rádio Costa Azul, onde minha trajetória na profissão que escolhi, começou. Foi em um desses eventos, o desfile cívico de aniversário da cidade, que tive minha primeira conversa com Benedito Góis Filho. Meses depois, claro que com a ajuda de meu pai, comecei aos 14 anos a trabalhar na rádio. Mais do que raízes o que questiono é de fato quantas pessoas optaram por estar ou permanecer aqui. Quantos com raízes ficaram apenas por falta de oportunidades? Quantos sem raízes ficaram por amor a essa terra? Quantos com raízes foram embora? Quantos aqui chegaram e construíram uma história? Gosto muito do trabalho de preservação da cultura da cidade feito pelo Júlio César Mendes. Adoro a maneira como o Adriano Art retrata a nossa (e minha também!) cidade. O trabalho que o jornalista e ex prefeito Celso Teixeira Leite faz de documentar nossa história ( Ivete Fernandes Teixeira Leite ) e o empenho do Odaury Carneiro de recuperar e compartilhar um acervo espetacular de imagens de Ubatuba e do Professor e ex prefeito Zizinho Vigneron de contar a história através de seus personagens, inclusive muitos deles de origem europeia. Estamos em um país colonizado com uma população miscigenada. Ubatuba não é diferente. Antes de culpar quem veio de fora pelos problemas enfrentados pela cidade deveríamos refletir sobre a nossa parcela de culpa sobre a estagnação ou até mesmo o retrocessos que enfrentamos. Em tempo, já que falamos de raízes quantas árvores você já plantou em Ubatuba?
Texto de Allan Ricardo Benetti
Via facebook
Imagem ilustrativa: Google
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