quarta-feira, 17 de julho de 2024

Árvore 'raríssima' que não era vista há mais de 50 anos em SP e que tem potencial medicinal é encontrada na Mata Atlântica em Ubatuba

 


Uma árvore com potencial medicinal e considerada ‘raríssima’ foi encontrada por pesquisadores e biólogos em Ubatuba, no Litoral Norte de São Paulo. A ‘Hortia Brasiliana’, conhecida popularmente como ‘paratudo’, não era vista há mais de 50 anos no estado de São Paulo.

O encontro de uma árvore da espécie aconteceu no início de junho, mas só foi divulgado recentemente, após o grupo de pesquisadores voltar à região da primeira espécie e encontrar pelo menos mais 20 árvores do mesmo tipo, no dia 8 de julho.

“Encontramos uma população. Elas estão em plena florada e frutificação”, afirma o pesquisador, biólogo e botânico José Ataliba.

Árvore 'raríssima' que não era vista há mais de 50 anos em SP e com potencial medicinal é encontrada na Mata Atlântica em Ubatuba — Foto: José Ataliba

Árvore 'raríssima' que não era vista há mais de 50 anos em SP e com potencial medicinal é encontrada na Mata Atlântica em Ubatuba — Foto: José Ataliba

José é membro do grupo que encontrou a árvore. De acordo com o especialista, eles estavam fazendo uma trilha no Pico do Piúva, em região de Mata Atlântica, quando encontraram a Hortia Brasiliana, nome cientifico da árvore.

“Estávamos fazendo uma trilha por conta da Semana Mundial do Meio Ambiente na região do Pico do Piúva, em Ubatuba, quando encontramos um fruto dessa árvore. Eu só conhecia pela literatura, nunca havia visto”, lembra.

Até então, o único encontro de uma árvore dessa espécie no estado de SP havia acontecido há 52 anos, em 1972, em São Sebastião, que também fica no Litoral Norte do estado.

Elas são mais comumente encontradas no bioma Cerrado, onde são menores do que os indivíduos de SP - em Ubatuba, as árvores encontradas neste ano têm cerca de 25 metros de altura.

“As árvores do Cerrado são de pequeno porte, mas a de Ubatuba é colossal. A primeira que encontramos tem 25 metros”, diz José Ataliba.

Botânico e professor Departamento de Biologia da USP, o especialista Milton Groppo também comemora o raro encontro da Hortia Brasiliana.

“É muito difícil encontrarmos populações dessa árvore. No estado de São Paulo tivemos apenas uma coleta, há mais de 50 anos. Essa era a única coleta que tínhamos, de um indivíduo só. Então é muito difícil encontrarmos. É raríssima”, afirma.

Ela explica que o fruto da árvore é a baga, que parece um limão e é muito procurada e consumida por certos animais.

“Essa árvore dá um fruto que chamamos de baga. Parece um limão. Também é azedo, mas tem a polpa molinha, esverdeada. Ela é muito procurada por pacas, cotias. Eles comem quando o fruto cai no chão e fazem a dispersão da espécie. Também tem aves que podem comer os frutos. Então ela é importante para a manutenção da fauna do local”, pontua.

Árvore 'raríssima' que não era vista há mais de 50 anos em SP e com potencial medicinal é encontrada na Mata Atlântica em Ubatuba — Foto: José Ataliba

Árvore 'raríssima' que não era vista há mais de 50 anos em SP e com potencial medicinal é encontrada na Mata Atlântica em Ubatuba — Foto: José Ataliba

Além de ser alimentos para os animais da região, a baga também é conhecida pelo seu uso na medicina. Especialistas afirmam que o fruto é útil contra náusea, enjoo e febre, entre outras coisas - por isso a árvore é popularmente chamada de ‘paratudo’.

“O paratudo, como o próprio nome diz, é utilizado para muitas coisas, mas não foi muito bem estudado ainda do ponto de vista farmacêutico. Ele é utilizado para tratamento de febre, dor de cabeça e todas as coisas ligadas a inflamações e infecções. Mas esse uso é muito mais popular entre as pessoas mais antigas. Como a árvore é muito rara, não vemos mais tantos relatos do uso dela”, explica Groppo.

Árvore 'raríssima' que não era vista há mais de 50 anos em SP e com potencial medicinal é encontrada na Mata Atlântica em Ubatuba — Foto: José Ataliba

Árvore 'raríssima' que não era vista há mais de 50 anos em SP e com potencial medicinal é encontrada na Mata Atlântica em Ubatuba — Foto: José Ataliba

Os biólogos pretendem voltar a explorar o local para encontrar outros indivíduos da Hortia Brasiliana. Isso porque a árvore é conhecida por viver em populações - a chance de encontrar mais unidade no Pico do Piúva, portanto, é maior.

“Ela só ocorre em áreas de floresta de Mata Atlântica que são muito protegidas, então é muito possível que a gente encontre novos indivíduos se forem feitas mais coletas extensivas. Ainda existem regiões de São Paulo que precisam ser coletadas, especialmente trilhas mais difíceis como essa”, conclui o professor Milton.

Árvore 'raríssima' que não era vista há mais de 50 anos em SP e com potencial medicinal é encontrada na Mata Atlântica em Ubatuba — Foto: Léo Dantas

Árvore 'raríssima' que não era vista há mais de 50 anos em SP e com potencial medicinal é encontrada na Mata Atlântica em Ubatuba — Foto: Léo Dantas


FONTE  :  https://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2024/07/17/arvore-rarissima-que-nao-era-vista-ha-mais-de-50-anos-em-sp-e-que-tem-potencial-medicinal-e-encontrada-na-mata-atlantica-em-ubatuba.ghtml

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