quinta-feira, 18 de julho de 2024

Ilha Anchieta, em Ubatuba, tem ecossistema ameaçado por superpopulações de espécies exóticas

 

Uma ação governamental do Estado de São Paulo introduziu há 41 anos aproximadamente 160 animais de 15 espécies exóticas, na Ilha Anchieta, em Ubatuba, Litoral Norte, com o objetivo de proteger o parque estadual, mas apenas cinco espécies prosperaram. Dessas, cutias e saguis-de-tufos-pretos cresceram descontroladamente, afetando o equilíbrio ecológico local. A pesquisa da Unesp, publicada na revista Global Ecology & Conservation, destaca o aumento populacional significativo dessas espécies e os impactos negativos na flora e fauna nativas.

Pesquisadores do Laboratório de Biologia da Conservação da Unesp revelaram que a população de cutias cresceu de oito para 947 indivíduos, predando ovos de aves locais. Os saguis-de-tufos-pretos, originários do Cerrado, saltaram de cinco para cerca de 600 animais, dificultando a regeneração natural do bioma. Outras espécies, como gambás e pacas, foram avistadas ocasionalmente, enquanto bichos preguiça e tatu-peba estão possivelmente extintos.

O monitoramento, iniciado em 2002 e realizado por 21 pesquisadores e 18 voluntários, percorreu 611 km da ilha. Usando transectos lineares, foram registrados 1.050 eventos de observação, estimando a densidade e o tamanho populacional dos animais. A ausência de variabilidade genética nas espécies da ilha foi destacada como um fator relevante para futuros estudos.

Programas de controle populacional, como a castração de saguis, foram implementados. Até agora, 50 saguis foram castrados, e outras nove campanhas estão previstas. A Fundação Florestal, que gerencia a unidade de conservação, colaborou com o laboratório da Unesp para monitorar primatas e borboletas, integrando esses esforços ao Programa de Monitoramento da Biodiversidade.

Os pesquisadores esperam que o estudo sirva de base para políticas públicas de proteção ambiental em outras áreas protegidas no Brasil. A restauração ecológica, com a remoção de plantas exóticas e invasoras, também está em andamento para fortalecer o ecossistema local.

FONTE : ln21.com.br

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