Uma ação governamental do Estado de São Paulo introduziu há 41 anos aproximadamente 160 animais de 15 espécies exóticas, na Ilha Anchieta, em Ubatuba, Litoral Norte, com o objetivo de proteger o parque estadual, mas apenas cinco espécies prosperaram. Dessas, cutias e saguis-de-tufos-pretos cresceram descontroladamente, afetando o equilíbrio ecológico local. A pesquisa da Unesp, publicada na revista Global Ecology & Conservation, destaca o aumento populacional significativo dessas espécies e os impactos negativos na flora e fauna nativas.
Pesquisadores do Laboratório de Biologia da Conservação da Unesp revelaram que a população de cutias cresceu de oito para 947 indivíduos, predando ovos de aves locais. Os saguis-de-tufos-pretos, originários do Cerrado, saltaram de cinco para cerca de 600 animais, dificultando a regeneração natural do bioma. Outras espécies, como gambás e pacas, foram avistadas ocasionalmente, enquanto bichos preguiça e tatu-peba estão possivelmente extintos.
O monitoramento, iniciado em 2002 e realizado por 21 pesquisadores e 18 voluntários, percorreu 611 km da ilha. Usando transectos lineares, foram registrados 1.050 eventos de observação, estimando a densidade e o tamanho populacional dos animais. A ausência de variabilidade genética nas espécies da ilha foi destacada como um fator relevante para futuros estudos.
Programas de controle populacional, como a castração de saguis, foram implementados. Até agora, 50 saguis foram castrados, e outras nove campanhas estão previstas. A Fundação Florestal, que gerencia a unidade de conservação, colaborou com o laboratório da Unesp para monitorar primatas e borboletas, integrando esses esforços ao Programa de Monitoramento da Biodiversidade.
Os pesquisadores esperam que o estudo sirva de base para políticas públicas de proteção ambiental em outras áreas protegidas no Brasil. A restauração ecológica, com a remoção de plantas exóticas e invasoras, também está em andamento para fortalecer o ecossistema local.
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