Esta semana, na sessão da Câmara de Ubatuba, o Secretário Adjunto de Segurança Pública e Defesa Social, Annibal José Bastos, disse que a Caçandoca passará a contar com uma linha de ônibus em breve. “Já posso adiantar aos senhores que acrescentaremos algumas linhas que foram sugeridas na audiência, e uma delas é a da Caçandoca, que em breve será inserida, já nesse contrato emergencial”, afirmou Annibal.
O Secretário Adjunto se refere à contratação emergencial, feita em julho deste ano pela prefeitura, da empresa Sancetur Santa Cecília Turismo Ltda (SOU Ubatuba) para a prestação do serviço de transporte público coletivo no município.
A prefeitura informou que, “de acordo com a Secretaria de Segurança, a linha deve ser colocada em prática nos próximos 10 dias. A linha terá uma função de linha alimentadora, saindo do bairro percorrendo pelo Sertão da Quina, passando pela Maranduba e retornando a Caçandoca”.
Ainda segundo a prefeitura, “serão 4 horários experimentais, dois no período da manhã e dois no período da tarde que poderão ser alterados de acordo com a necessidade. Os usuários do Transporte Público que precisarem fazer a integração, deverão providenciar o cartão, dessa forma poderão descer de um e subir em outro ônibus por exemplo sentido centro da cidade”.
Atualmente, o quilombo da Caçandoca, que fica a aproximadamente 34 km do centro de Ubatuba, não possui uma linha de ônibus que chegue até seu território. O ponto de ônibus mais próximo fica na rodovia Rio-Santos, a quase cinco quilômetros da comunidade.
Caso a nova linha seja mesmo implementada, atenderá às 86 famílias que integram o quilombo da Caçandoca, além de poder ser usada também por outros moradores, visitantes e turistas.
Audiência pública
Em abril deste ano, na audiência pública realizada pela prefeitura para tratar do transporte público coletivo urbano de Ubatuba, a falta de uma linha até a Caçandoca foi alvo de reclamação de diversos munícipes.
“Caçandoca não tem ônibus dia nenhum e as pessoas têm que andar cinco quilômetros e meio até a estrada, de dia e de noite”, disse Santiago Bernardes. “Tem comunidades que nem tem linha, como da Caçandoca”, lembrou Guy Terra. “Caçandoca não tem de fato transporte para lá”, apontou Marcela Pedro.
O morador do quilombo da Caçandoca, Fernando Almeida, agradeceu a todos que antes dele se manifestaram sobre a falta de ônibus na Caçandoca. Além de Fernando, muitos outros moradores da comunidade estiveram presentes na audiência pública para cobrar a implementação de uma linha até o bairro.
“Nós nunca tivemos uma linha na Caçandoca. Hoje, essas pessoas que estão aqui estão representando 86 famílias que moram lá”, disse Fernando. Ele criticou a Verdebus, que segundo ele não quis atender o bairro com uma linha alegando que não estava previsto no contrato, que a estrada é muito estreita, que uma peça de um ônibus que esteve lá em teste quebrou e que não haveria condições de colocar veículos para fazer esse trajeto.
Fernando ressaltou o caráter de urgência da implementação da linha até a Caçandoca, já que, segundo ele, com a reabertura da Escola Municipal da Caçandoca em abril, os moradores ficaram sem nenhuma alternativa de transporte. Isso porque, enquanto as crianças precisavam sair do bairro para estudar, havia um acordo com a prefeitura para que os moradores do quilombo utilizassem o transporte fornecido aos alunos. “Com a escola que reabriu lá, acabou o ônibus, não temos mais nada, então é caráter de urgência, nós estamos a pé 5 km, andando com criança nas costas, sacola. Precisamos achar uma alternativa até concluir essa licitação”, defendeu Fernando em sua fala na audiência pública.
Por Renata Takahashi / Tamoios
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