terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

'Não vai dar': sobrevivente da explosão de avião em Ubatuba disse em depoimento que temeu 'pista curta' ao sobrevoar aeroporto

 

Sobrevivente fala sobre momentos antes do acidente com avião em Ubatuba

Bruno Almeida Souza, de 41 anos, um dos sobreviventes da explosão do avião no início do ano em Ubatuba, contou em depoimento que achou a pista de pouso curta ao sobrevoar o aeroporto e que se assustou quando notou que o piloto iria tentar arremeter. A Polícia Civil concluiu o inquérito sem apontar a causa do acidente e remeteu a investigação à Polícia Federal nesta segunda-feira (17).



"Eu vi a pista acabando, eu falei 'nossa, não vai dar'. Aí meio que meu cérebro bloqueou, eu não lembro de mais nada", disse Bruno.

acidente aconteceu no dia 9 de janeiro, quando o avião com cinco pessoas ultrapassou a pista do aeroporto de Ubatuba e explodiu na Praia do Cruzeiro. O piloto morreu. Os quatro passageiros e dois pedestres ficaram feridos - relembre o caso abaixo.


O sobrevivente contou também que percebeu que o piloto precisou fazer uma curva fechada por conta de um morro da região e que também percebeu que o avião demorou a tocar na pista.

Ainda durante a oitiva, Bruno afirmou à polícia que sentiu o avião freando, mas que, em seguida, percebeu que o piloto tentou arremeter, por achar que não daria tempo suficiente para frear.

O passageiro relatou que a última lembrança que tem é da pista acabando. Ele afirmou à polícia que, depois disso, só se lembra de já estar internado no hospital.



Mireylle Fries, de 41 anos, o marido dela, Bruno Almeida Souza, de 41, e os dois filhos, de 4 e 6 anos, sobreviveram ao acidente. — Foto: Reprodução"Quando ele entrou para fazer a cabeceira eu achei que ele fez uma curva muito fechada. Assim que ele tocou (no chão) ele já imediatamente acionou os freios, acionou o reverso da turbina e foi tentando parar o avião. De repente ele deu motor no avião. E aí eu falei: 'nossa, ele vai arremeter'. A pista é curta e não vai dar tempo de de parar. Fiquei, como se diz, de orelha em pé. Eu vi a pista acabando e falei: ''Nossa, a pista tá acabando'. A minha primeira lembrança depois é no hospital. E já acamado", contou Bruno para a polícia.

Mireylle Fries, de 41 anos, o marido dela, Bruno Almeida Souza, de 41, e os dois filhos, de 4 e 6 anos, sobreviveram ao acidente. — Foto: Reprodução

Além de trazer o depoimento do sobrevivente, o relatório da Polícia Civil também detalhou as diligências que foram feitas, como exames, entrevistas, laudos e fotografias do local do acidente.


O inquérito sobre a explosão do avião em Ubatuba foi encaminhado pela Polícia Civil à Justiça Federal e à Polícia Federal, para que os órgãos deem andamento nas investigações.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos informou que está investigando o caso.

g1 acionou a Polícia Federal e a Justiça Federal sobre o caso. A reportagem será atualizada caso os órgãos se manifestem.



O acidente

Um avião de pequeno porte ultrapassou a pista do aeroporto de Ubatuba, no Litoral de São Paulo, e explodiu na Praia do Cruzeiro, no dia 9 de janeiro deste ano. O piloto morreu e quatro passageiros - um casal e dois filhos - foram resgatados com vida.




Vítimas:


  • O piloto, Paulo Seghetto, era de Goiânia. Ele morreu depois de ser retirado das ferragens em parada cardiorrespiratória e passar por tentativa de reanimação.
  • Mireylle Fries, de 41 anos, o marido dela, Bruno Almeida Souza, de 41, e os dois filhos, de 4 e 6 anos, eram os passageiros do voo. Os quatro foram retirados com vida do avião, levados para o hospital e sobreviveram.

  • Segundo o Cenipa, outras duas pessoas que estavam fora do avião ficaram feridas, sendo que uma ficou em estado grave e outra em estado leve. A vítima grave foi a professora Rosana Maria Alves Vieira, de 59 anos. Ela chegou a ficar internada por causa de uma fratura no pé, mas recebeu alta. Não há informações sobre quem seria o pedestre ferido levemente.

O avião havia saído do Aeroporto Municipal de Mineiros, em Goiás, e tentou pousar no município do litoral paulista.



Pista curta


Dados da fabricante da aeronave e do próprio aeroporto apontam que o avião precisaria de mais pista do que a disponível no aeroporto de Ubatuba para pousar em segurança.

O aeroporto de Ubatuba tem uma pista curta, de apenas 940 metros. O Cessna 525 precisa de 789 m para pouso, segundo o site da fabricante. A concessionária Rede VOA, que administra o aeroporto, informou que as condições climáticas eram ruins e a pista estava molhada.

Segundo o Grupamento de Bombeiros Marítimos (GBMar), a aeronave passou pelo que é chamado de excursão de pista, quando o avião sai da pista no momento do pouso ou da decolagem.

A aeronave, com matrícula PR-GFS, modelo Citation 525, foi fabricado em 2008 pela empresa Cessna Aircraft. Ela tem capacidade para sete passageiros, além de dois pilotos.

Segundo o sistema da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave estava com operação negada para táxi aéreo (transporte comercial de passageiros), mas com situação de aeronavegabilidade "normal". Isso significa que o avião poderia ser usado normalmente para uso particular do dono.


FONTE :  https://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2025/02/17/em-depoimento-para-a-policia-sobrevivente-de-explosao-de-aviao-em-ubatuba-contou-que-temeu-pista-curta-do-aeroporto-antes-do-acidente.ghtml

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