Falta de gelo afeta mercado de peixes e embarcações; trabalhadores gravam vídeo cobrando solução da prefeitura
A interdição da fábrica de gelo Copemar, determinada pela Justiça, gerou preocupação entre pescadores, comerciantes e empresários de Ubatuba. Sem o fornecimento do gelo, essencial para a conservação do pescado, profissionais do setor relatam dificuldades para manter suas atividades e cobram uma solução urgente.
Pescadores e comerciantes gravaram um vídeo e publicaram nas redes sociais denunciando a situação e o impacto da falta de gelo na cidade.
"Sou pescador, eu preciso abastecer meu barco amanhã com aproximadamente 380 caixas de gelo. A fábrica foi interditada, eu não sei por qual motivo, mas vai causar um impacto grande na cidade. O pescador precisa de gelo, o mercado municipal precisa de gelo, os empresários da cidade precisam de gelo. Essa fábrica parada vai gerar um prejuízo muito grande", afirmou Nilson Rolim, conhecido como Tentem.
A situação também preocupa comerciantes locais. Rosildo de Paula, que trabalha no setor, relatou a dificuldade de abastecimento. "Estamos com uma dificuldade em Ubatuba devido à falta de gelo para nós comerciantes, peixarias e embarcações, por conta do embargo judicial."
Pescadores também relatam que a oferta de gelo está sendo racionada. "Hoje chegaram apenas 72 caixas, sendo que um barco de grande porte precisa de pelo menos 300 caixas. Por uma ordem judicial, a fábrica foi fechada e não tem condição. O mercado municipal, vários empresários de Ubatuba, todos precisam de gelo. Infelizmente, hoje estamos racionando para que todo mundo consiga trabalhar", disse Gabriel de Paula, que fez um apelo: "Libera o gelo pelo amor de Deus!"
A pescadora Mery também manifestou preocupação. "Socorro, gente! Nós trabalhamos no mercado de peixe e precisamos urgente que o gelo seja liberado. Todo o produto é perecível."
Entenda a interdição
A 3ª Vara da Comarca de Ubatuba determinou a interdição da fábrica Copemar, localizada no bairro Itaguá, por operar sem as licenças obrigatórias. A decisão da última segunda-feira, 24, atendeu a um pedido de antecipação de tutela em uma Ação Popular movida por um munícipe contra a empresa e a Prefeitura de Ubatuba.
O processo apontou que a Copemar estava sem o Certificado de Licenciamento Integrado (CLI) válido e sem o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), documento necessário após uma ampliação das instalações. O Ministério Público se manifestou a favor da interdição, destacando que as irregularidades apontadas não foram contestadas pela empresa nem pela prefeitura no prazo legal.
Na decisão, o juiz Diogo Volpe Gonçalves Soares afirmou que a medida visa proteger a ordem pública e a segurança de consumidores e funcionários. “Seria necessária a expedição de Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) para o funcionamento do estabelecimento após a ampliação realizada”, destacou.
A Justiça determinou que a empresa permaneça fechada até que comprove a regularização de sua documentação. O descumprimento da decisão pode resultar em uma multa diária de R$ 50 mil, limitada a R$ 1,5 milhão.
A interdição foi realizada na terça-feira, 25, pela Vigilância Sanitária. A prefeitura ainda não se manifestou sobre o caso. A reportagem não conseguiu contato com representantes da empresa.
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