Pré-diabetes tem tratamento natural? O que dizem os especialistas sobre mudanças de estilo de vida


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História de Layla Shasta

pré-diabetes é um alerta vermelho do corpo. Trata-se de um quadro em que os níveis de glicose no sangue estão acima do normal, porém ainda não chegam ao patamar do diabetes tipo 2. Ele exige cuidados, mas, na maioria das vezes, não é necessário o uso de medicamentos.


“O tratamento para o pré-diabetes é uma dieta equilibrada, com foco em alimentos ricos em fibras, proteínas magras e gorduras saudáveis, além da prática regular de exercícios físicos e gerenciamento do estresse”, afirma a nutricionista Marlice Marques, coordenadora Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).

“Mais um medicamento natural, vamos dizer assim, é tomar mais água, água com limão, chá ou café – sempre sem açúcar – ao invés de bebidas contendo açúcares”, diz Fernando Valente, diretor do Departamento de Diabetes Mellitus da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem). A seguir, entenda melhor como adotar essas práticas para tratar o pré-diabetes e afastar o diabetes tipo 2.

Suplementos funcionam?

Segundo a Associação Americana de Diabetes (ADA, na sigla em inglês), não há comprovação de que os suplementos sejam uma opção eficaz para reduzir a glicemia (açúcar no sangue). No entanto, para pessoas com deficiência de ferro, vitaminas D e B12, magnésio ou cálcio, por exemplo, um multivitamínico pode ser necessário.

Mais um medicamento natural, vamos dizer assim, é tomar mais água, água com limão, chá ou café – sempre sem açúcar – ao invés de bebidas contendo açúcares”, diz Fernando Valente, diretor do Departamento de Diabetes Mellitus da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem). A seguir, entenda melhor como adotar essas práticas para tratar o pré-diabetes e afastar o diabetes tipo 2.

Suplementos funcionam?

Segundo a Associação Americana de Diabetes (ADA, na sigla em inglês), não há comprovação de que os suplementos sejam uma opção eficaz para reduzir a glicemia (açúcar no sangue). No entanto, para pessoas com deficiência de ferro, vitaminas D e B12, magnésio ou cálcio, por exemplo, um multivitamínico pode ser necessário.

Ainda assim, a ADA ressalta que a melhor maneira de obter vitaminas e minerais é pela alimentação. “Não está claro se os nutrientes têm o mesmo efeito no corpo quando tomados em forma de suplemento”, diz a entidade.

Por outro lado, o uso de suplementos nutricionais, como shakes, enquanto substitutos parciais de refeições pode ser considerado como estratégia adicional para a perda de peso. Nesse caso, eles são úteis porque reduzir medidas em pessoas com pré-diabetes ou diabetes tipo 2 ajuda no prognóstico.

“Esses suplementos são projetados para fornecer uma combinação equilibrada de proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais”, explica Marlice. Mas ela faz ressalvas: “A composição de alguns suplementos especializados resulta em saciedade prolongada, por isso eles devem ser usados longe das refeições principais.” Além disso, a decisão de incluí-los na dieta deve ser tomada junto a um nutricionista ou profissional especializado.

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Outros estudos sugerem que probióticos podem oferecer algum benefício. Uma revisão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) apontou que o uso de probióticos, prebióticos ou simbióticos tem potencial para auxiliar no controle do diabetes ao melhorar parâmetros metabólicos, mas com efeitos modestos. “Falta ainda uma informação mais robusta sobre como esse uso interfere na progressão do pré-diabetes”, comenta Valente.

Alimentos indicados para quem tem pré-diabetes

O endocrinologista Luciano Giacaglia, coordenador do Departamento de Diabetes Tipo 2 e Pré-diabetes da SBD, enfatiza a importância de uma alimentação com os principais macro e micronutrientes, como fibras, vitaminas e minerais.

Especialmente as fibras solúveis diminuem a velocidade de digestão e absorção dos alimentos, fazendo com que a glicose seja disparada de forma mais lenta no organismo. Com isso, além de colaborarem com o controle dos níveis de açúcar no sangue, também prolongam a saciedade, reduzindo o apetite.

Segundo as diretrizes da SBD, para as pessoas com pré-diabetes, é recomendado o consumo de 25 a 30 gramas desses nutrientes por dia. Por isso, um conselho é substituir os carboidratos simples, como os encontrados em alimentos feitos com farinha branca, pelos carboidratos complexos, que preservam melhor suas fibras. Eles estão mais presentes nos alimentos integrais, por exemplo.




Outras fontes de fibras incluem frutas como mamão e ameixa, cereais como aveia, cevada e os do tipo All-Bran, hortaliças como cenouras e leguminosas como feijões e lentilha.

Gorduras boas devem entrar na lista

“Outro tratamento natural é consumir gorduras insaturadas, que são boas, e evitar gorduras trans e gorduras saturadas”, recomenda Valente.

O grupo das gorduras (ou ácidos graxos) insaturadas é dividido em dois tipos: as gorduras monoinsaturadas ajudam a reduzir o colesterol ruim, prejudicial para o coração, e as poli-insaturadas incluem o ômega 3, essencial para o desenvolvimento cerebral e ocular, e o ômega 6, importante para o metabolismo e a imunidade.

Essas moléculas são encontradas em alimentos como azeite, abacate, castanhas, nozes e amêndoas.

O que deve ser evitado

Um estudo publicado na revista Nature mostrou que até 70% dos casos de diabetes tipo 2 estão ligados à má alimentação. Por isso, segundo Marlice, a principal recomendação é cortar o consumo de alimentos ultraprocessados e bebidas açucaradas — uma orientação que vale para toda a população.

Ultraprocessados

Alimentos ultraprocessados são produtos alimentícios hiperindustrializados, como biscoitos recheados, salgadinhos, salsichas, presunto e macarrão instantâneo. Eles geralmente contêm altos níveis de sódio, gorduras saturadas e conservantes.

Um estudo realizado a pedido da ACT Promoção da Saúde no ano passado mostrou que o consumo desse tipo de produto causa 57 mil mortes e custa mais de R$ 10 bilhões por ano ao Brasil, devido às doenças crônicas às quais são associados, incluindo o diabetes.

Bebidas açucaradas

Uma pesquisa publicada neste ano na revista Nature mostrou que cerca de um em cada dez novos casos de diabetes tipo 2 está relacionado ao consumo de bebidas adoçadas, como refrigerantes, sucos de caixinha e energéticos.

Carboidratos simples

Carboidratos simples, como os encontrados em pães de farinha branca, massas refinadas e bolos, se transformam rapidamente em glicose no organismo. Embora não sejam doces como o açúcar, eles têm um efeito semelhante sobre a glicemia, elevando os níveis de glicose no sangue de forma rápida.

Carnes vermelhas

Segundo Giacaglia, também é recomendado reduzir (não é preciso eliminar) a ingestão de carnes vermelhas e gordurosas.

A orientação é respaldada por um estudo publicado na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology no ano passado. Na análise, que acompanhou milhões de pessoas de mais de 20 países ao longo de 10 anos, o consumo diário de 100 g de carne vermelha, equivalente a um bife médio, foi associado a um aumento de 10% no risco de desenvolver diabetes tipo 2.

Já no caso das carnes processadas, como bacon, presunto e salsicha, bastaram 50 g por dia (cerca de duas fatias de bacon ou uma salsicha) para o risco subir 15%.

Como os exercícios podem ajudar?

Segundo as diretrizes da SBD, a atividade física aeróbica ajuda a reduzir o risco de progressão do quadro, e a prática combinada de exercícios aeróbicos e resistidos contribui para diminuir os níveis de hemoglobina glicada, sendo recomendada também para pessoas que já vivem com diabetes tipo 2.

A recomendação inclui:

  • Exercícios aeróbicos: no mínimo 150 minutos por semana de atividades com intensidade moderada ou o equivalente em práticas de alta intensidade. Caminhada, corrida, natação e ciclismo são boas opções, e o ideal é evitar mais de dois dias consecutivos sem atividade.
  • Exercícios resistidos: pelo menos 1 ciclo de 10 a 15 repetições de cinco ou mais exercícios, realizados duas a três vezes por semana, em dias não consecutivos. Isso pode incluir musculação, exercícios com elásticos ou com o peso do próprio corpo.

Além disso, recomenda-se que especialmente os idosos incluam atividades que favoreçam o equilíbrio, como tai chi e ioga, de duas a três vezes por semana.

Quem tem pré-diabetes precisa tomar remédio?

Geralmente, não. Os remédios são indicados quando a mudança de estilo de vida e a manutenção da perda de peso não são possíveis para o paciente.

Eles também são recomendados para pessoas com maior risco de progressão para o diabetes, como indivíduos com obesidade clínica, histórico de diabetes gestacional e idosos.

A medicação mais estudada para esse fim é a metformina, porém podem ser utilizados outros fármacos para auxiliar na perda de peso.

“É importante lembrar que o tratamento deve ser sempre individualizado e orientado por um profissional de saúde”, ressalta Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Pré-diabetes tem cura?

“O pré-diabetes pode ser reversível, especialmente quando diagnosticado precocemente”, aponta Tarissa. Investir em uma alimentação saudável, atividade física regular e perda de peso pode normalizar os níveis de glicose e prevenir a progressão para o diabetes.

Estudos mostram que a diminuição de 5% a 10% do peso corporal já pode reduzir bastante o risco de evolução para a doença.

Apesar disso, Giacaglia ressalta que, quando o assunto é pré-diabetes e diabetes, o termo mais adequado é “remissão” e nunca “cura”.

Ele explica que, apesar do controle dos níveis de glicose no sangue, quando uma pessoa desenvolve pré-diabetes, entende-se que ela já perdeu um percentual da função do pâncreas e das células beta pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina.

Algumas dessas células podem voltar a funcionar, mas grande parte não se regenera. “Por isso, não é possível recuperar a função como era antes. É justamente por essa razão que a prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais”, alerta.



FONTE  :   https://www.msn.com/pt-br/saude/medicina/pr%C3%A9-diabetes-tem-tratamento-natural-o-que-dizem-os-especialistas-sobre-mudan%C3%A7as-de-estilo-de-vida/ar-AA1IKcoE?ocid=msedgntp&pc=U531&cvid=23e4ad76b29446679907414612ec825e&ei=93


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