O Ministério da Saúde já registra 7.236 casos da febre oropouche em 16 estados do país neste ano.
A doença, que é considerada endêmica da região amazônica, registra um aumento em todo o país em relação a 2023, quando foram confirmados, em todo o ano, 832 casos, de acordo com a pasta.
Os estados com maiores números de exames detectáveis para a doença, por local provável de infecção, foram Amazonas (3.224), Rondônia (1.709), Bahia (830), Espírito Santo (412) e Acre (265).
No ano passado, o Ministério não registrou casos fora da região amazônica, apenas nos estados do Amazonas, Rondônia, Acre, Roraima e Pará.
Na quinta-feira (26), foram confirmadas as primeiras duas mortes pela doença no mundo, ambas na Bahia. Os casos foram registrados em duas mulheres, de 22 e 24 anos, sem comorbidades, o que acendeu um alerta em todo o país para os casos de oropouche.
No estado, pesquisadores já consideram que a "rápida disseminação do vírus é configurada como um surto nas macrorregiões sul e leste, de grande preocupação para a saúde pública", diz artigo assinado por 20 especialistas em versão inicial para revisão.
Segundo o médico infectologista Ralcyon Teixeira, a doença
está se alastrando fora da principal área da região Norte. "A gente acende
um alerta epidemiológico cada vez maior em relação aos casos de oropouche em
todo o Brasil devido à possibilidade de adaptação do vírus e da presença do
mosquito em várias outras regiões, então há a possibilidade de a doença se
disseminar e termos cada vez mais casos no país".
Vírus e transmissão
A febre de oropouche é uma zoonose causada pelo vírus oropouche, que foi diagnosticado no Brasil na década de 1960. É transmitida aos seres humanos principalmente pela picada do mosquito Culicoides paraensis, inseto que tem um ciclo silvestre e um ciclo urbano, e tem um quadro clínico parecido com o da dengue.
Os sintomas são dor de cabeça, dor muscular e articular, febre, tontura, dor atrás dos olhos, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos.
Parte dos pacientes pode apresentar recorrência dos sintomas ou apenas febre, dor de cabeça e dor muscular após uma a duas semanas do início das manifestações iniciais. Os sintomas duram de dois a sete dias, em média. Na maioria dos pacientes, a evolução da febre do oropouche é benigna e sem sequelas.
O vírus foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, a
partir de amostra de sangue de uma bicho-preguiça capturada durante a
construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos
foram relatados no Brasil, principalmente nos estados da região Amazônica.
Também já foram relatados casos e surtos em outros países
das Américas Central e do Sul (Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e
Venezuela).
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