segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Comunidade nikkei realiza visita histórico-cultural na Ilha Anchieta

 

Nos dias 16 e 17 de agosto, um grupo da Associação Seiwa Tomonokai, entidade que trata dos legados e heranças históricas da comunidade nikkei do Brasil, esteve em Ubatuba (SP) e realizou diversas atividades, incluindo uma visita, no sábado, à Ilha Anchieta.

O objetivo foi conhecer o local onde, entre os anos de 1946 e 1948, 172 japoneses foram presos, no conturbado contexto pós Segunda Guerra Mundial. As ruínas do presídio permanecem na ilha, que hoje é uma Unidade de Conservação (Parque Estadual Ilha Anchieta – PEIA), sob gestão da Fundação Florestal.

Atualmente, as ruínas estão passando por uma grande obra de contenção, conservação e restauro, devido ao grau de deterioração avançado. Não é permitido entrar nas ruínas do presídio, mas é possível visualizá-las mantendo distância segura. As atividades da Associação Seiwa Tomonokai na ilha Anchieta foram realizadas no gramado que fica no centro das ruínas, e contou com apoio da Fundação Florestal e da Associação Nipo-Brasileira de Ubatuba (ANIBRA).

Na manhã de sábado (17/08), o grupo partiu de escuna saindo do píer do Saco da Ribeira em direção à ilha. O desembarque ocorreu após aproximadamente 30 minutos. O grupo seguiu para o centro de visitantes, onde se encontra exposto o gerador de energia da época da prisão dos japoneses, além de banner com o nome dos 172 presos e com informações e fotos de um deles, Fusatoshi Yamauchi. Ele foi preso por se recusar a pisar na bandeira japonesa durante interrogatório humilhante e xenófobo no Departamento de Ordem Política e Social (Deops). Os visitantes puderam conhecer também as outras histórias da ilha Anchieta.

Foto: Renata Takahashi

No gramado das ruínas, após a montagem do cenário com bandeiras e estandartes, foram realizadas atividades como: escrita de pedidos em pequenas tiras de papel, chamadas tanzakus, para pendurá-los em galhos de bambu, apresentação de kenbu (arte tradicional japonesa que combina elementos de dança e técnicas de espada), apresentação de Shodō (caligrafia japonesa) e doação de estandarte à Fundação Florestal.

 

Foto: Renata Takahashi

A visita da Associação Seiwa Tomonokai à ilha Anchieta ocorreu menos de um mês depois do pedido de retratação pelo Estado brasileiro pela perseguição aos imigrantes japoneses durante e após a Segunda Guerra Mundial, aprovado no dia 25 de julho pela Comissão de Anistia, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. O reconhecimento da perseguição estatal foi uma resposta ao pedido de reparação coletiva apresentado pelo produtor audiovisual Mario Jun Okuhara e pela Associação Okinawa Kenjin do Brasil.

A prisão de imigrantes japoneses, em sua maioria inocente, no Instituto Correcional da Ilha Anchieta entre 1946 e 1948, e o episódio da expulsão de famílias da cidade de Santos em 1943 serviram de base para o pedido de retratação.

Um dia antes da visita à ilha Anchieta, a Seiwa Tomonokai, com apoio da ANIBRA, realizou uma confraternização no auditório do Hotel São Charbel, com coquetel de comidas típicas da culinária japonesa, canto de músicas tradicionais, falas sobre os legados e heranças históricas da comunidade nikkei no Brasil, além da exibição do documentário “Yami no Ichinichi – O Crime que abalou a Colônia Japonesa no Brasil”, produzido por Mario Jun Okuhara.

Foto: Renata Takahashi

Por Renata Takahashi / Tamoios News



FONTE  :


Comunidade nikkei realiza visita histórico-cultural na Ilha Anchieta – Tamoios News





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