Luiz Kawall convivia com Ubatuba desde a década de 60; o jornalista criou em 1983 o Museu Caiçara, hoje, localizado nas dependências do Projeto Tamar. Foto Capa: Reprodução entrevista TV Gazeta(SP)
Morreu na manhã desta terça-feira, dia 13, em São Paulo, aos 97 anos, o jornalista e museólogo brasileiro Luiz Ernesto Machado Kawall. Ele nasceu em São Paulo, em 11 de junho de 1927. Formado em jornalismo, em 1951, na primeira turma da Fundação Cásper Líbero, na capital paulista, iniciou nos anos 1970, na Folha de São Paulo, uma coluna de arte que lhe valeu premiação pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Ainda não foram informadas as causas da sua morte. A cerimônias de seu sepultamento(velório e funeral), serão realizadas amanhã, quarta-feira(14), das 7h às 11h, no Cemitério São Paulo, na avenida Cardeal Arcoverde, no bairro de Pinheiros.
Luiz Kawall era um apaixonado por Ubatuba, no Litoral Norte Paulista. Luiz Ernesto foi casado com Zilda Kawall, que segundo consta ainda mora com a filha em Ubatuba. Na década dos anos 1960, durante a gestão do prefeito Francisco Matarazzo Sobrinho, em Ubatuba, no Litoral Norte Paulista, juntamente com o professor Paulo Camilher Florençano, empreendeu esforços na implantação do Museu Histórico e Pedagógico de Ubatuba.
Em 1983, fundou, com Praxedes Mário de Oliveira, o Museu do Bairro do Tenório, buscando resgatar a memória local, por meio de peças e objetos dos hábitos dos moradores dos bairros do Itaguá, Acaraú e Tenório. Com a desativação do Museu do Bairro do Tenório, o acervo passou para o Museu Caiçara, também iniciativa de Luiz Ernesto Kawall, localizado no Projeto Tamar, base de Ubatuba. Foi um dos fundadores do Museu da Imagem e do Som de São Paulo.
Pelos relevantes serviços prestados ao município de Ubatuba, Luiz Kawall, foi declarado “cidadão ubatubense” em 1992. Existe em Ubatuba, um condomínio no Itaguá, que leva o seu nome. O Museu do Caiçara foi reinaugurado no dia 3 deste mês, com homenagens prestadas à Luiz Ernesto Kawall, um dos fundadores que, com Praxedes de Oliveira, iniciou a preservação das memórias da cultura caiçara.
A jornalista e escritora Regina Helena Paiva Ramos, que morou muitos anos em Juquehy, em São Sebastião, atualmente vive na capital paulista, lamentou a morte de Luiz Ernesto Kawall: “Foi de grande importância para o jornalismo brasileiro como jornalista e museólogo. Tinha uma grande paixão por Ubatuba. Fez um trabalho importante para valorização do caiçara, através da criação do Museu Caiçara em 1983. Ele era meu amigo e contemporâneo na Cásper Líbero. Que tenha paz e luz!”.
O ex-prefeito e professor Paulo Ramos também fez questão de prestar suas homenagens ao jornalista. “Muito importante um homem que ajudou a construir a história contemporânea da cidade de Ubatuba”, destacou Paulo Ramos, que quando prefeito esteve várias vezes com Luiz Kawall.
Nas redes sociais são inúmeras as homenagens prestadas ao jornalista e museólogo Luiz Kawall. Maria Carlota Barros Marchetto postou: ” Que Deus o receba na sua glória. Descanse em paz meu grande amigo. Você estará sempre presente na história de Ubatuba e de todos os caiçaras que te amam. Obrigado por toda sua dedicação a cultura Caiçara e caipira do nosso vale do Paraíba”.
Luiz Kawall
Colecionador de arte popular e de cordéis, Luiz Kawall, reuniu durante décadas os registros sonoros das cerca de 4.000 vozes de personalidades nacionais – como as de Cândido Rondon, Rui Barbosa, Santos Dumont, Washington Luiz, Juscelino Kubitschek, Getúlio Vargas, Monteiro Lobato, Dalva de Oliveira, Orlando Silva, Vicente Celestino, Carmen Miranda e Corifeu de Azevedo Marques – e estrangeiras – como as de Thomas Edison, Sigmund Freud, Lênin, Adolf Hitler, Benito Mussolini, Winston Churchill, De Gaulle, Gandhi e John Kennedy.
Também faz parte do seu acervo um disco do show de Marlene Dietrich no Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, no qual a atriz alemã cantou Luar do Sertão em português. Kawall começou a colecionar vozes no início na década de 1950, por influência de Carlos Lacerda, com quem trabalhou no jornal Tribuna da Imprensa. A Vozoteca, o seu museu da voz, nasceu em 1989. Em abril de 2013 doou sua “Vozoteca” para o Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo.
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