Conhecida como a "Capital do Surf" e dona de algumas das paisagens mais deslumbrantes do litoral brasileiro, Ubatuba enfrenta um problema que mancha sua imagem paradisíaca: a falta de saneamento básico. Enquanto o sol brilha sobre as areias douradas e as ondas convidam ao mergulho, a realidade por trás das águas cristalinas é menos glamorosa. A ausência de um sistema eficiente de coleta e tratamento de esgoto tem transformado algumas praias em áreas impróprias para banho, colocando em risco a saúde de moradores e turistas.
Dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) revelam que praias de Ubatuba como Perequê-Açu e Itaguá estão frequentemente em estado de balneabilidade "ruim" ou "péssimo". Isso significa que as águas contêm níveis alarmantes de coliformes fecais, bactérias e outros poluentes, resultado direto do despejo irregular de esgoto. Para piorar, o problema não se limita ao verão. Durante todo o ano, a falta de infraestrutura adequada faz com que o esgoto doméstico e comercial seja lançado diretamente nos rios e no mar, contaminando ecossistemas e afetando a qualidade de vida da população.
No último domingo, a LN21 trouxe uma situação registrada por moradores na Praia Grande, uma das mais movimentadas da cidade, em que o mau cheiro apontava sinal de que água das chuvas se misturavam com líquido de qualidade duvidosa sendo despejada por meio de um cano.
Impactos na Saúde e no Turismo
A situação não é apenas um problema ambiental; é uma questão de saúde pública. Médicos alertam para o aumento de casos de doenças como gastroenterite, hepatite A e infecções de pele, especialmente entre crianças e idosos, no Litoral de São Paulo.
O turismo, principal motor econômico de Ubatuba, pode começar a sofrer as consequências. Com praias impróprias para banho, visitantes podem começar a optar por outros destinos.
Falta de Investimentos e Soluções a Longo Prazo
Apesar dos alertas constantes de ambientalistas e da população local, os investimentos em saneamento básico em Ubatuba continuam insuficientes. O Plano Municipal de Saneamento Básico, criado em 2015, ainda não saiu do papel na sua totalidade. Enquanto isso, projetos de expansão da rede de esgoto avançam a passos lentos, e muitas áreas da cidade dependem de soluções improvisadas, como fossas sépticas, que nem sempre funcionam adequadamente.
Especialistas apontam que a solução para esse tipo de problema passa por uma combinação de investimentos públicos e privados, além de uma gestão mais eficiente dos recursos.
O Futuro das Praias de Ubatuba
Enquanto o poder público debate e os projetos engatinham, moradores e turistas seguem convivendo com o problema. Para muitos, a situação é um reflexo de um descaso maior: a falta de prioridade para questões ambientais e de infraestrutura em uma das regiões mais belas do país.
A Sociedade civil tem provocado discussões a respeito das questões ambientais, demonstrando uma preocupação que deveria ser compartilhada pelo poder público, mas que pouco eco encontra em meio aqueles que possuem o poder da caneta para promover e cobrar mais investimentos em relação ao saneamento.
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