Peregrina de 47 anos cumpriu promessa feita para Nossa Senhora Aparecida após cirurgia de sobrinho e resultado de exame. 'Emoção foi muito forte', contou ela sobre chegar à Santa
Por Xandu Alves
“Nunca pense em parar, nunca. Parar é desistir.”
Esse é o mantra da vida da gestora administrativa Elaine Cristina Marcílio Costa da Silva, 47 anos, moradora de Ubatuba.
O lema nasceu há 26 anos quando ela precisou amputar parte da perna esquerda após um acidente de moto, em 1998. Desde então, Elaine nunca parou.
A motivação em continuar vivendo, e com qualidade, foi fundamental para ela superar mais um desafio: percorrer a pé o trajeto entre Ubatuba e Aparecida para cumprir promessa feita a Nossa Senhora Aparecida.
A perna mecânica na perna esquerda não foi empecilho para Elaine subir a serra de Ubatuba e caminhar até Lagoinha, e depois para Aparecida, entre 23 e 25 de novembro.
Ela fez parte da 23ª romaria a pé de Ubatuba a Aparecida, com saída da Igreja Matriz e chegada ao Santuário Nacional de Aparecida. Participaram mais de 500 pessoas.
Elaine percorreu a pé 92 dos 110 quilômetros do trajeto, evitando apenas trechos do final da serra e uma descida íngreme e cheia de buracos. Nesses pontos, ela optou por ir no carro de apoio.
“Fiquei com medo de me machucar e não terminar a romaria. Foi um desafio muito grande. No final do primeiro dia, pensei que não ia aguentar por estar muito cansada. No dia seguinte, levantei nova e falei: ‘vamos embora que foi para isso que vim.’”
ESPORTES
A disposição é uma das características da gestora administrativa que trabalha em uma escola de Ubatuba. Natural de Taubaté, ela mora na cidade do Litoral Norte há 40 anos e se considera uma “caiçara”.
Aos 21 anos, um acidente em uma moto, que foi atingida por um carro, custou-lhe parte da perna esquerda. Três meses depois, ela já estava usando prótese. Elaine garante que o uso da perna mecânica não lhe afetou em praticamente nada. Ela mantém uma vida ativa e cheia de práticas esportivas, como natação, caminhada e pedalada.
O segredo é não desistir nunca, nem diante de uma amputação. “Nunca pense em parar, nunca. Diria isso para eles [outros amputados]. Nunca pare. Nunca desista. Parar seria desistir. Se parar, para numa cama e já era”, diz Elaine.
“Nunca parei de trabalhar, de fazer esporte e de nada. Nunca deixo a vontade de fazer uma coisa. A prótese não é impedimento para nada. Daria um conselho: nunca desistir e nunca parar. Somos escolhidos para dar força para outras pessoas”, completa.
INSPIRAÇÃO
A caminhada de Elaine até Aparecida vem inspirando outras pessoas a fazer o mesmo. Ela conta que decidiu fazer a peregrinação após receber duas graças, que ela considera milagres, e de fazer uma promessa para Nossa Senhora Aparecida.
Uma das graças é a recuperação de um sobrinho de 10 anos diagnosticado com um grave problema no coração, e que precisou ser operado emergencialmente no Incor, o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, em São Paulo. A outra foi o resultado negativo de um exame de saúde.
"Há cerca de três meses, meu sobrinho precisou fazer uma cirurgia de urgência e, em oração, pedi muito a Nossa Senhora Aparecida. Foi uma coisa tão grave e fiz o pedido para que ele sobrevivesse. Prometi ir até Aparecida para agradecer. Foi por essa causa e também por um exame que precisava que desse negativo", afirma Elaine.
EMOÇÃO
Diante de tamanha expectativa, a gestora conta que sentiu uma “emoção muito forte” quando entrou no Santuário Nacional de Aparecida, após quase três dias e 92 km de caminhada.
“Indescritível, não tem como expressar. Uma coisa muito forte. Me emocionei demais. Estou passando por um momento da minha vida muito sensível.”.
“A chegada foi um momento de muita fé. Pedi muito para Nossa Senhora que realizasse meus pedidos que eu iria agradecer. Pensei no momento em que fiz o pedido e foi muito emocionante, pois pedi que ela concedesse um milagre.”
Segundo ela, os milagres aconteceram: o sobrinho sobreviveu ao problema de coração, que poderia tê-lo matado, e deu tudo certo com o exame que precisava dar negativo, que Elaine prefere não dar detalhes.
“Nunca tivemos uma doença grave na família e, de repente, do nada, aparece uma doença numa criança, com cirurgia urgente. Ficamos todos muito abalados emocionalmente.”
ORGULHO E GRATIDÃO
Também emocionalmente abalada, mas de forma positiva, Elaine conta que entrar no Santuário Nacional a deixou “muito orgulhosa e com sentimento de gratidão” por Deus permitir que ela fosse “inspiração para outras pessoas”.
“É gostoso de ver o retorno das pessoas, gratificante. As pessoas se inspiraram no meu exemplo. Quando cheguei, muitas pessoas me mandaram mensagem dizendo que agora têm força para ir na próxima romaria.”
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