O Litoral Norte de São Paulo é conhecido não apenas por suas belas paisagens e biodiversidade, mas também, pelos excelentes serviços prestados por toda a cadeia de hotéis, pousadas, restaurantes e comércio em geral. E mesmo após um período crítico de dois anos e meio de pandemia, o setor foi novamente ainda afetado, desta vez, pelos impactos da natureza.
Segundo um levantamento oficial da ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo), atualmente, existe em toda a região 65 mil leitos distribuídos em 900 pontos de hospedagem nas cidades de Ubatuba, Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Bertioga.
Nossa redação entrou em contato com o vice-presidente da ABIH, Rodrigo Tavano, para entender com detalhes os impactos econômicos gerados em toda a cadeia de hotéis, e consequentemente, no comércio caiçara, já que o turismo é o grande propulsor da economia na região litorânea durante quase todo o ano.
De acordo com o vice-presidente, devido às medidas tomadas pelos órgãos da defesa civil e instituições municipais, estaduais e federais de segurança orientando os turistas de todos os cantos do Brasil a evitarem visitar a região, por tempo indeterminado, gerou-se o cancelamento de mais de 36 mil reservas só na última semana de fevereiro e para os meses de março e abril o número aumentará, o que representa um prejuízo de mais de 36 milhões de reais. Além de colocar em risco mais de 15 mil postos de trabalhos diretos, principalmente em hotéis e pousadas, afirma Tavano.
Em contrapartida, as autoridades do setor de todas as cidades estão em processo de negociação de modo intensivo, otimizando medidas emergenciais para amenizar os impactos causados pelas fortes chuvas que colocou quase todas as cidades da região em estado de calamidade pública. Após a tragédia, autoridades do trade turístico da região estiveram em reunião com o secretário de turismo do estado de SP, Roberto de Lucena, para elencar e priorizar as principais ações a serem tomadas no setor.
Reunião com o Secretário de Turismo do Estado de SP e o trade turístico do litoral Norte em Caraguatatuba A
A primeira medida anunciada, e já acionada no dia seguinte, foi a abertura de linhas de crédito via DesenvolveSP através do Governo do Estado, para tentar conter os impactos principalmente na geração e manutenção dos empregos diretos, bem como, de todo o comércio regional, uma vez que com a vinda dos turistas, serviços e produtos são vendidos em diversos nichos: restaurantes, quiosques, bares e supermercados.
No começo do mês de março em São Paulo, através de um convite da secretaria do estado, uma nova reunião entre a ABIH, ABAV (Associação Brasileira de Agências de Viagem) e BRAZTOA (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo) ocorreu para determinar quais os convênios e acordos serão feitos no intuito de oferecer o máximo de conhecimento, capacitação e apoio para todos os profissionais do turismo e hotelaria do Litoral Norte.
Rodrigo ainda comenta que, com exceção de São Sebastião que devido à tragédia está tendo parte de seus leitos em pousadas e hotéis cedidos aos desabrigados, numa ação do Governo do Estado, as outras quatro cidades tiveram uma rápida resposta dos governos municipais nas ações de contenção dos impactos que as fortes chuvas causaram no setor, e que as ocorrências foram menos graves, o que deveria ter sido melhor informado à população, e principalmente, aos turistas que pretendem visitar com mais segurança Caraguatatuba, Ubatuba, Ilhabela e Bertioga. Seja para um final de semana ou mais tempo, já que todos os serviços tanto de hotelaria como gastronomia, de passeios e compras estão funcionando normalmente.
“Todas as entidades estão muito satisfeitas pela atenção de todos os prefeitos das 5 cidades que compõem o Litoral Norte, no empenho em nossas causas e no apoio a toda população que está desabrigada. Nos resta a esperança, de que em breve, a Defesa Civil do estado retire a recomendação para que os visitantes não venham ao nosso litoral, uma vez que estamos preparados para receber os turistas”. Finaliza Tavano.
Em Barequeçaba, praia da região central de São Sebastião, segundo nos relatou Gabriella Flores, proprietária da pousada Villa Dei Fiori, onde a situação já está normalizada, porém, os cancelamentos de reserva foram inevitáveis, a falta de informação é o principal problema:
“Todas as nossas reservas foram canceladas, e nesta época do ano isso é muito ruim pra gente, graças a Deus aqui na nossa pousada não aconteceu nada. E eles não especificam quais as regiões e praias realmente estão interditadas. Acabam colocando todas as regiões no mesmo cenário, e, infelizmente, todos nós somos impactados por essa tragédia”.
Já na região da Costa Sul de São Sebastião, proprietários de bares e restaurantes comentam que, apesar de não terem sido fisicamente afetados pelos deslizamentos ou enchentes, ainda sim, o impacto se sentiu na vida de muitos de seus colaboradores que perderam suas casas ou ficaram com suas famílias totalmente desabrigadas.
“O movimento no litoral norte virou um deserto, mas nossa expectativa é que nos próximos finais de semanas isso melhore, no momento estamos ajudando como podemos aos afetados.” comentou um dos proprietários.
O prejuízo se deu com quase um mês sem movimento, onde as contas não param e os colaboradores ainda precisam de acolhimento e muita ajuda. A esperança é que com a liberação que ocorreu esta semana da Rio-Santos, no trecho que liga Bertioga a São Sebastião, o movimento volte e traga com ele um respiro para o turismo, a hotelaria e a gastronomia, a tríade que movimenta a economia, gera muitos empregos e receita no Litoral Norte de São Paulo.
Finalmente, segundo nos informou Maurício Tedesco, presidente da APHMBR (Associação de Pousadas, Hotéis, Bares e Restaurantes de Maresias), a região de Maresias não sofreu danos graves como alguns bairros da Costa Sul, mas a taxa de cancelamento das reservas nos setor hoteleiro chegou a mais de 80%, o que representa quase 4 milhões de reais só neste mês. E esse impacto afetou toda a cadeia comercial: bares, restaurantes e comércios locais, sufocando quase toda a rede hoteleira, formada por pequenos e médios empreendimentos e colocando em risco muitos postos de trabalho.
“Agora os três acessos ao Litoral pela Tamoios, Mogi-Bertioga e Rio-Santos estão liberados e normalizados, as nossas praias estão limpas e lindas como o verão é, então, precisamos com urgência resgatar a imagem do município, a hotelaria aqui na Costa Sul está unida como nunca na divulgação para trazer de volta nossos turistas”, enfatizou Tedesco.
A presença dos órgãos públicos no apoio, investimentos e na difusão de mídias que ajudem a informar os turistas da atual situação se faz crucial neste momento, finaliza Maurício.
Leandro Valle/Tamoios News
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