quinta-feira, 9 de março de 2023

Escola de surf só para mulheres quer levar qualidade de vida e empoderamento a alunas em Ubatuba

 


Neste Dia Internacional da Mulher, vale conhecer uma iniciativa que une esporte, mar e empoderamento feminino: a Diva Surf School, localizada na praia do Perequê-Açu, em Ubatuba.

Comandada por mulheres e exclusiva para mulheres, a escola particular nasceu em 2019. No ano seguinte ao da inauguração, Daniela Reis e Paula Gil enfrentaram as restrições da pandemia de covid-19, mas não desistiram da vontade de criar um espaço de acolhimento feminino para a prática do surf na cidade.


Apaixonada pelas águas, Daniela conta que decidiu fundar uma escola para mulheres porque sabe o quanto é desafiador para elas ganhar espaço na sociedade e também no esporte. Depois, chamou Paula para também tocar a Diva Surf School, e hoje as duas continuam a ensinar quem nunca acreditou que pudesse se equilibrar em uma prancha a se tornar melhor amiga das ondas.

E a dupla garante que os benefícios de praticar esporte em contato com a natureza e com um grupo de apoio não são apenas o bem-estar físico e a qualidade de vida.

“Eu vejo que o nosso trabalho vai muito além do surf em si. A gente usa o surf como uma ferramenta de empoderamento das mulheres”, diz Daniela Reis, “porque quando elas se veem de pé na prancha, pensam ‘eu posso, eu sou capaz, eu consigo’, e se sentem mais fortes para lidar com outras questões da vida”.

Para todas as idades

Maria da Conceição Gonçalves Moreira, 66, diz que o surf mudou sua vida. Com problemas de saúde que a impediam de andar normalmente, ela conta que resolveu se aventurar no esporte pela primeira vez aos 63 anos para fortalecer as pernas. Foi quando encontrou a Diva Surf School e se encantou pela prática. “Voltei a andar com perfeição depois disso. O surf foi o que me deu ânimo, saúde, vontade de viver.”

“Muito importante para as mães”

A instrutora Daniela Reis diz que a maioria das alunas são mães e percebe que enfrentam um “grande desafio”: “Não é fácil para elas conquistar esse espaço na agenda para si mesmas, mas a diferença que o surf faz na vida de uma mãe é incrível, porque ela está recuperando o poder do seu corpo”.

Paula Gil acredita que o surf se torna um espaço de autocuidado, e sente que as alunas que são mães se revigoram com a prática do esporte. “Elas conseguem se reencontrar, já que é um momento de doação a si própria depois de tanta dedicação ao outro.”

E a professora defende que a mulher pode se beneficiar da prática do esporte até mesmo no momento em que está gerando o bebê: “Eu tenho 5 filhos e passei por quatro gestações, e em todas elas eu continuei surfando, assim como a Dani durante as gestações dela. A gente se adapta conforme o corpo vai mudando e a maneira de surfar se adapta junto.”

Apesar do apoio da escola para que alunas grávidas surfem, é preciso uma atenção especial. “O que indicamos é que a gestante surfe somente se ela já praticava o esporte antes de engravidar.”

Amizade e parcerias econômicas

Paula Gil relata que, além do surgimento de novos empreendimentos femininos no segmento do surf saídos de suas turmas, ela nota a formação de redes de apoio entre as alunas, com “muitas amizades e pertencimento”.

“Uma dá suporte para a outra e incentiva suas conquistas. Isso acontece até economicamente, já que as mulheres acabam comprando entre si e contratando serviços entre si”, diz.

É o caso de Daniela Seco, de 37 anos, que é aluna e também fotógrafa da Diva Surf School. Ela conta que começou a registrar mulheres pegando onda desde o seu primeiro dia de aula, e tem feito a cobertura fotográfica de todos os eventos da escola desde então.

Mãe de dois meninos, Daniela conta que se reconhece na alegria das surfistas fotografadas: “Muitas das mulheres nunca se imaginaram surfando, e quando elas veem uma foto desse momento é pura emoção. Eu sorrio junto, eu choro junto e comemoro junto.”

Evolução e empoderamento

Daniela Seco se define como alguém que “nunca foi dos esportes”. Só o surf conseguiu conquistá-la, apesar de sentir medo. “Todo dia que entro no mar com a minha prancha é uma superação.”

Para ela, o ambiente de companheirismo da escola fez toda a diferença. “As instrutoras acolhem a mulherada de uma maneira muito materna e amigável, respeitando os limites de cada uma e incentivando a evolução sempre.”

A fotógrafa acredita que o esporte “tem total relação com a mulher”: “A coragem que o surf nos traz é levada pras situações diárias, e vemos que, muitas vezes, mudanças de vida acontecem depois que começamos a surfar. Acho importante que cada mulher se conheça cada vez mais, exigindo respeito e sabendo impor os seus limites”.

Neste 8 de março, a instrutora Daniela Reis quer passar a mensagem de que “as mulheres precisam acreditar em si e viver o hoje sem se privar de sonhos e experiências”. “Bora para a água! O surf é possível para todas as mulheres, independente da raça, da cor, do peso ou da idade.”

Amanda Mazzei/Tamoios News

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