Observador de aves acompanhou o crescimento de três filhotes de savacu-de-coroa. — Foto: Tadeu Fischer
Tadeu Fischer flagrou diversos momentos dos pais e dos três filhotes às margens de um rio de Ubatuba (SP).
Quem gosta de natureza e se dedica a observar e a fotografar os animais em vida livre, seja por hobby ou por profissão, quase sempre tem uma “mala” de recordações especiais. Em fevereiro deste ano o administrador de empresas Tadeu Fisher teve a oportunidade de flagrar uma arara-canindé vítima de tráfico acompanhada do filhote a 50 quilômetros de onde foi salva por um projeto em 2018.
Meses e diversos de outros registros depois, o aposentado estava em Ubatuba, litoral Norte de São Paulo, onde passa parte do ano com a mulher e era hora de outra história bacana acontecer. A ida até a beira o rio Tavares, região do mangue, tinha um motivo: encontrar uma família de caxinguelê. Mas quem apareceu foi outra espécie.
“Notei uma movimentação entre os galhos da vegetação e para a minha surpresa não era o caxinguelê, mas um savacu-de-coroa caçando caranguejos no chão. A emoção tomou conta e fiquei maravilhado, já que há três anos eu estava esperando ver a espécie, que só conhecia através de fotos”, conta Fisher que fotografa aves há seis anos e também se dedica a macrofotografia.
Os filhotes no começo recebiam alimentação no ninho. — Foto: Tadeu Fischer
Um mês depois de encontrar o ninho, os filhotes começaram a aparecer para o observador. "Eram três e eu fui acompanhando eles crescendo, ensaiando os primeiros voos e até eles já se alimentando no chão do mangue. Ao todo, foram cerca de 60 dias registrando a família”, explicou o aposentado que flagrou todos esses momentos com uma lente de 600 milímetros do outro lado do rio, respeitando uma distância de cerca de 20 metros para evitar qualquer estresse dos animais.
“Foram momentos muito bonitos e especiais, porque eu nunca esperava acompanhar o contexto todo da família. O ninho estava às margens de um rio poluído que mesmo assim ainda sustenta tanta vida. Então também chama a atenção para a necessidade de preservação dos mangues que sofrem cada vez mais, já que essa é uma espécie que só vive nessas áreas”, finaliza Tadeu que torce acompanhar a reprodução da espécie no ano que vem.
O observador também flagrou as tentativas de voos. — Foto: Tadeu Fischer
Savacu-de-coroa
O savacu-de-coroa (Nyctanassa violacea) mede de 50 a 70 centímetros e pesa cerca de 650 gramas. "Eu gosto de chamar a espécie de socó-caranguejeiro, porque essa ave é especialista em manguezais e em comer caranguejos de um jeito diferente: arrancando as pernas e engolindo o corpo inteiro. Parece preferir os caranguejos maiores como o uçá que é o mesmo que nós comemos", explica o ornitólogo Fabio Olmos que já acompanhou a espécie diversas vezes no litoral de São Paulo.
Segundo ele o savacu-de-coroa chegou a estar na lista de ameaçados de São Paulo por conta da associação bem estreita com manguezal, ecossistema esse que continua perdendo área para as atividades humanas, como a construção de casas e de terminais portuários.
Espécie se alimenta principalmente de caranguejos. — Foto: Fabio Olmos
Outra ameaça é a própria coleta excessiva de caranguejos uçás, o que acaba reduzindo a quantidade de presas disponíveis para a ave. "Também em alguns lugares, como no Maranhão, há pessoas que consomem os savacus, mas em SP nunca ouvi registros", esclarece Olmos.
O savacu-de-coroa costuma fazer ninhos em colônias junto com outras espécies como guará-vermelho e a garça-branca-pequena. É um animal que ocorre em toda costa brasileira, sendo encontrado também desde os Estados Unidos até o noroeste do Peru, sempre perto da água.
Os pais se revezam nos cuidados com o ninho. — Foto: Tadeu Fischer
FONTE.......... https://g1.globo.com/sp/
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