Indígena da aldeia Boa Vista, em Ubatuba (SP) — Foto: Wendell Marques/Divulgação
Município tem 643 pessoas que se declaram indígenas e conta com três aldeias; confira o ranking da população indígena na região.
Por g1 Vale do Paraíba e região
Ubatuba é a cidade com mais indígenas entre os municípios do Vale do Paraíba. São 643 pessoas que vivem na cidade e se declaram indígenas. O dado é do Censo de 2022 e foi divulgado nesta segunda-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A população total de Ubatuba é de 92.980, segundo o Censo de 2022. Os 643 indígenas representam 0,69% da população do município.
A cidade conta com três aldeias. Uma é a aldeia Renascer, localizada no Pico do Corcovado. Há a aldeia Boa Vista, localizada perto da Cachoeira do Prumirim, e a aldeia Rio Bonito, que é uma ampliação da Boa Vista e fica em Itamambuca.
Crianças indígenas na aldeia Boa Vista, em Ubatuba (SP) — Foto: Wendell Marques/Divulgação
Aldeia Renascer
Na aldeia Renascer vivem 96 pessoas, sendo cerca de 30 crianças. São 20 famílias no local, que conta com uma escola, posto médico e um centro cultural. Os indígenas que vivem por lá são da etnia Tupi-Guarani e Guarani Mbya.
Aldeia indígena Renascer, em Ubatuba — Foto: Renascer Ywyty Guaçu
A aldeia Renascer foi retomada em 1999 e está em processo de identificação pela Funai. De acordo com Cristiano Kiririndju, liderança no local, a expectativa é que esse processo de identificação seja concluído neste ano.
Indígenas da aldeia Renascer, em Ubatuba — Foto: Renascer Ywyty Guaçu
O local constantemente recebe visitas agendadas de estudantes e pessoas interessadas em conhecer a aldeia. Na aldeia são desenvolvidos projetos de valorização da cultura indígena e preservação do meio ambiente.
"A comunidade criou o projeto Guardiões da Floresta, que hoje contempla seis aldeias do estado de São Paulo. Eles fazem o monitoramento da área, monitoramento da fauna, plantio de mudas na Mata Atlântica. A aldeia é uma das que mais recebe visitas de crianças de escolas municipais e particulares", contou Cristiano Kiririndju.
"Mas mesmo com todo esse trabalho, ainda sofremos muito com as invasões, com a mineração ilegal, com a depredação da Mata Atlântica dentro do território. Por isso, é importante a demarcação do território o mais rápido possível", acrescentou Kiririndju.
Produção de mudas de palmito na aldeia Renascer, em Ubatuba — Foto: Renascer Ywyty Guaçu
Aldeia Boa Vista
A aldeia Boa Vista é formada por índios da etnia Guaraní, tem pouco mais de 900 hectares e surgiu nos anos 1960, com a chegada do cacique Altino Santos. Altino e a família vieram de Itanhaém (SP) para trabalhar em uma fazenda na área que pertencia a um japonês. Quando o dono da propriedade voltou ao Japão, ele doou parte das terras para Altino. Em 1987, a terra foi demarcada como território indígena.
São cerca de 62 famílias que vivem no local, o que dá aproximadamente 290 indígenas. Na aldeia, há uma escola estadual que atende desde o ensino infantil até o ensino médio e posto médico. O local também costuma receber visitantes.
Artesanatos produzidos na aldeia Boa Vista, em Ubatuba (SP) — Foto: Wendell Marques/Divulgação
A fonte de renda dos indígenas que vivem na aldeia vem, principalmente, da venda de artesanatos e da produção de palmito.
Aldeia Rio Bonito
Considerada uma extensão da Boa Vista, a aldeia Rio Bonito foi reconhecida oficialmente pela Funai em 2012 e fica no sertão da Itamambuca, dentro da mesma área onde vivem os indígenas Boa Vista.
Aldeia Rio Bonito, em Ubatuba — Foto: Arquivo pessoal
A separação de parte da comunidade Boa Vista para criar uma nova aldeia se deu por conta do grande número de caçadores e madeireiros que invadiam a região. O objetivo foi posicionar a aldeia em lugar estratégico para diminuir as invasões e preservar a diversidade.
De acordo com uma das lideranças da comunidade, a cacique Ivanildes Pereira Silva, há atualmente 12 famílias e 47 pessoas vivendo na aldeia. Em 2012, no início, eram 12 famílias.
A comunidade vive de artesanato e, principalmente, agricultura. "Temos plantações de batata doce, milho, feijão, mandioca e banana. Fazemos para a nossa alimentação, mas também saímos para vender", explica Ivani, como é conhecida.
Aldeia Rio Bonito, em Ubatuba — Foto: Arquivo pessoal
Não há estrutura suficiente para a visita de turistas no local, mas a liderança do Rio Bonito tem projetos para o turismo no local no futuro, já que é uma outra possibilidade de fonte de renda.
Como é relativamente nova, a aldeia não conta com escolas, centros e postos de saúde. Por isso, os indígenas da comunidade precisam de deslocar à aldeia Boa Vista para ter acesso aos serviços.
Aldeia Rio Bonito, em Ubatuba — Foto: Arquivo pessoal
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